domingo, 27 de setembro de 2009

Seja bem-vindo ao blog Religares!

Este blog tem como objetivo um debate plural sobre a religião, as crenças religiosas, o pensamento religioso, teologia, filosofia da religião, história da religião e psicologia da religião.

Debate plural, afinal de contas contaremos, como postadores fixos do blog, com múltiplos pontos de vista sobre o assunto: estudiosos de História, Psicologia, Filosofia e Teologia fazem parte de nossa equipe. Temos aqui representados os pontos de vista de quem segue e defende as religiões como instituições, quem é contra as instituições mas acredita em Deus (ou alguma outra forma de divindade), quem não crê em Deus mas crê na possibilidade do sobrenatural, quem se diz crítico e credor das ciências mas ainda sim crê em Deus, quem é agnóstico, quem se diz simplesmente cético e quem se diz ateu.

Por esta razão este blog também é, em parte, uma resposta à quantidade enorme de blogs apologéticos e arbitrariamente parciais. Alguns fazem discursos inflamados sobre sua fé; outros dizem analisar “criticamente” as Escrituras e fazer relação da ciência com a religião, quando na verdade fazem recortes grosseiros e distorções; outros dizem analisar a religião quando na verdade distorções trechos dos diversos Livros Sagrados, tiram de seu contexto, entre outros, para criticá-los. Neste blog teremos múltiplos pontos de vista, de modo que essas distorções, se ocorrerem, dificilmente passarão despercebidas. Afora isso, nenhum dos postadores fixos do blog diz-se radical. Enquanto os religiosos dizem-se “menos televangelistas e mais transcendentais”, os ateus se dizem “menos Dawkins e mais Carl Sagan”.

Teremos diferentes tipos de posts no blog. Alguns poderão ser apenas pensamentos soltos, outros perguntas para que os leitores do blog e os demais postadores fixos comentem/respondam, diálogos, assim como poderão também ser artigos sobre um determinado tema. Todos poderão comentar os posts do blog. Mais do que isso, DEVEM! Faz parte da pluralidade ouvir as opiniões diversas dos possíveis leitores, suas críticas e sugestões. Da mesma forma, aqueles comentários que julgarmos que valem a pena ser postados no blog, poderemos posta-lo como retificação de algo que foi dito, como outro ponto de vista ou abrir para o debate.

O blog se chama Religares pela etimologia da palavra religião, que vem do latim religare, que significa re-ligar. O plural é proposital, justamente para dar o sentido de re-ligações, em todas suas interpretações possíveis: como significando “religiões”; como re-ligação do homem com Deus; religar o homem com sua Fé; religar o a fé com a razão; religar o homem com a ciência; religar o homem com o pensamento crítico; religar Fé e ciência; e religar os diversos pontos de vista.

Portanto entre, sinta-se a vontade, leia e critique. Vamos finalmente debater sobre esse assunto num blog sem apologia sobre um ponto de vista, mas procurando trazer a pluralidade para o debate e ver o que resulta disso.

Mãos à obra!

11 comentários:

  1. Oy.
    manda ver, esse blog me dá a impressão de que será vacas de viveiras.

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  2. Muito bom!

    Estou acompanhando e aguardando mais posts!

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  3. Acredito que a espiritualidade é uma substância encharcada de pessoalidade e introspecsão, por isso a problemática se mostra inexata, insoluvél.

    É louvável a discusão, religião não deixa de ser uma abordagem filosófica da vida, merece respeito como todo o questionamento de grandeza.

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  4. discutir é sempre bom, existem várias maneiras de se ver um mesmo quadro. A religião deveria ser regulamentada como um serviço de psicologia, e também deveria pagar impostos, senão tem emissora de TV que vai comprar o mundo.

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  5. Macacos!

    Perfeitamente. Mas, o que não está encharcado de pessoalidade e introspecção?

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  6. Apresentado como tal, o blog na verdade está se propondo a defender um ponto de vista bastante específico. Neste ponto de vista está pressuposto um ideal do iluminismo, que muitos teólogos adotaram no início do século XX.

    Eu questiono a idéia de que o "debate plural" seja um método apropriado para se debater esse tema, pois relativiza o conhecimento transmitido pela tradição, e valoriza os argumentos por eles mesmos, sem contexto fundamentado num estudo profundo. São argumentos aprovados segundo a avaliação de quem não tem condições de avaliar.

    Assim, o blog estaria sendo pretensioso ao se propor a discutir sem a devida formação. Também problematiza a partir de um ideal epistemológico do cogito cartesiano, que valoriza o questionamento de tudo que é dado e a reconstrução da verdade a partir da autoridade do sujeito.

    Há pouca diferença entre evangelistas e transcendentais, entre Dawkins e Carl Sagan. Se o que se entende aqui por religião se restringe ao conceito de religare, então só há espaço para um tipo de teologia.

    Um debate com essa pretensão exigiria formação teológica de verdade por parte de todos os participantes. De outra forma o resultado será um discurso confuso, uma mistura de visões incompatíveis.

    A pretensão pela verdade é louvável, mas o que realmente está estimulando este debate, ao meu ver, não é renegociar posições, e sim reafirmá-las usando os instrumentos da racionalidade iluminista. Esta, tenda para a "fé" ou para a "razão", será uma vitória da pós-modernidade, e não da ponderabilidade.

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  7. "Neste ponto de vista está pressuposto um ideal do iluminismo, que muitos teólogos adotaram no início do século XX."

    Não consigo ver isso e gostaria que argumentasse a respeito.

    "Eu questiono a idéia de que o "debate plural" seja um método apropriado para se debater esse tema, pois relativiza o conhecimento transmitido pela tradição, e valoriza os argumentos por eles mesmos, sem contexto fundamentado num estudo profundo. São argumentos aprovados segundo a avaliação de quem não tem condições de avaliar."

    Que tipo de "estudos profundos" a teologia tem?

    No mais, discordo integralmente. O fato de termos representantes de múltiplos pontos de vista justamente evita que isso aconteça. Se alguém fizer uma acusação infundada ou utilizar um argumento infundado, o outro poderá vir e apontar. Ao contrário das propostas "solistas" dos demais blogs e livros, aonde apenas um ponto de vista é apresentado.

    E, até onde sei, todos aqui têm "condições de avaliar". Todos aqui têm experiência no estudo e debate sobre o tema - até onde sei.
    Mas acho que beira o repugnante a posição de avaliar currículo e não os argumentos apresentados. É uma espécie de ad hominen a priori. =D

    Já falei um pouco sobre isso em outro comentário meu de outro post, mais recente. O que me leva a outro ponto:

    "Um debate com essa pretensão exigiria formação teológica de verdade por parte de todos os participantes. De outra forma o resultado será um discurso confuso, uma mistura de visões incompatíveis."

    Não acho que seja necessária formação teológica pra debater sobre isso. Mas de qualquer maneira, o Coscarelli é também teólogo e com ampla bagagem no currículo. Portanto, seu temor, mesmo que injustificado, pode ser parcialmente sanado por saber que tem alguem com formação teológica para "avaliar" tudo isso?

    Enfim, o quê a formação teológica traz de tão especial para esse debate? Levando em conta o que vc disse, que Deus não é objeto de análise, que diferencial é esse trazido pelo estudo teológico?Já debati com dezenas de teólogos e nunca pude perceber nada de relevante nessa formação.

    "Também problematiza a partir de um ideal epistemológico do cogito cartesiano, que valoriza o questionamento de tudo que é dado e a reconstrução da verdade a partir da autoridade do sujeito."

    Não acho que esse cogito cartesiano, apresentado no Meditaçãoes Metafísicas (afinal, vc deve saber que existem vários outros cogitos cartesianos, não apenas o do "cogito ergo sum"), seja a base deste debate. Gostaria que explicasse pq acha isso.

    "Há pouca diferença entre evangelistas e transcendentais, entre Dawkins e Carl Sagan."

    Depende. Se considera-os "farinha do mesmo saco" por ambos utilizarem a razão e o método científico para analisarem os fenômenos, sim. Mas nesta mesma linha de raciocínio eu tb poderia dizer que há pouca diferença entre Santo Agostinho e Osama Bin Laden; entre São Paulo e Tom Cruise; etc.

    Portanto, vale ressaltar que há sim, muita diferença entre ambos. A fundamental, que me faz preferir a obra de Carl Sagan à de Dawkins, é o fato de que o primeiro é menos agressivo, faz menos afirmações absolutas, demonstra-se mais aberto a considerar outras maneiras de pensar. Já Dawkins é mais absolutista, faz afirmações precipitadas, utiliza de distorções e recortes para procurar desvalorizar algo, etc.

    São diferenças FUNDAMENTAIS a meu ver.

    "Se o que se entende aqui por religião se restringe ao conceito de religare, então só há espaço para um tipo de teologia."

    É mesmo? Que tipo de teologia?

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  8. "São argumentos aprovados segundo a avaliação de quem não tem condições de avaliar. "

    "Assim, o blog estaria sendo pretensioso ao se propor a discutir sem a devida formação. "

    "Um debate com essa pretensão exigiria formação teológica de verdade por parte de todos os participantes."

    Janos, conforme antecipado pelo Sampaio, sou teólogo,professor de Filosofia, membro da Società Internazionale Tommaso D´Aquino de Roma e fui membro da Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos (por motivos pessoais, decidi não mais ser).

    Não gosto de ficar falando de minha formação, mas já que julga necessária é bom assegurar-lhe que não falo pelos cotovelos.

    Seus demais apontamentos, creio que respondi, ao menos parcialmente, aqui:
    http://religares.blogspot.com/2009/10/importancia-deste-debate.html#comment-form

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  9. Sampaio,

    O próprio Rudolf Bultmann iniciou o debate da demitização do cristianismo. Recomendo a leitura do livro A teologia do século XX, de Rosino Gibellini, sobre esse assunto. Você se engana se acha que teologia é uma coisa só, ou possa ser discutida por qualquer pessoa. Mesmo pessoas com formação em física muitas vezes se equivocam ao falar de física quântica por motivos parecidos.

    Para este debate, não apenas seria preciso formação em teologia, mas uma formação especial.

    "O fato de termos representantes de múltiplos pontos de vista justamente evita que isso aconteça. Se alguém fizer uma acusação infundada ou utilizar um argumento infundado, o outro poderá vir e apontar. Ao contrário das propostas "solistas" dos demais blogs e livros, aonde apenas um ponto de vista é apresentado."

    A quantidade de pontos de vista envolvidos não significa que estes sejam qualificados para compreender um problema. Mas serve para que estes pontos de vista se reforcem mutuamente, o que não significa que se aproximam mais da verdade.

    Não há falácia ad hominen porque eu não conheço a formação de vocês e não estou refutando nenhum argumento de vocês com o que eu disse. Estou apenas dizendo que é sim necessário estudar uma coisa para ter propriedade para falar daquilo. Falácia é querer comparar a opinião do leigo com a de quem estudou.

    O fato de que há um teólogo entre vocês não resolve nada. Assim como o fato de que existem cientistas entre os defensores do Design inteligente não justifica coisa alguma.

    Deus não é objeto de análise empírica. Se você não vi nada de relevante na formação teológica para este debate, então ou não conheceu teólogos com boa formação, ou nunca se interessou por isso.

    A base desse debate, segundo foi exposto, é o questionamento puro e simples. Quem aqui está partindo da fé "pura e simples"? Este ponto de vista, aparentemente, será repudiado, porque não se abre para todo e qualquer questionamento.

    Carl Sagan é menos agressivo, concordo, mas entende tanto de teologia quanto Dawkins.

    Coscarelli, se querer ofendê-lo, eu respeito sua formação, mas creio que isso muda muito pouco o que eu disse. Pois você é um teólogo católico, cujas idéias não representam toda teologia, e também porque você é apenas um. Como eu disse, há muitos religiosos que crêem que o debate sobre criacionismo é científico apenas porque uma ou duas pessoas com formação científica está lá dando aval, e fazem o resto de grupo crer que suas afirmações serão realmente avaliadas segundo rígidos critérios da física ou da biologia. Isso é falso, tanto para um blog com a proposta de debater criacionismo, quanto para este blog. O que vale para um, vale para o outro.

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  10. "Recomendo a leitura do livro A teologia do século XX, de Rosino Gibellini, sobre esse assunto. "

    Procurarei para ler.

    "Para este debate, não apenas seria preciso formação em teologia, mas uma formação especial."

    Que formação especial e pq ela é necessária?

    "Mas serve para que estes pontos de vista se reforcem mutuamente, o que não significa que se aproximam mais da verdade."

    Não vejo pq se reforçariam mutuamente. São pontos de vista bem diferentes. A única coisa em comum é a disposição para debater.

    Vc deu a entender que o que há de comum é que todos lançam mão ou dos métodos de análise positiva ou da racionalidade moderna. Mas isso não é bem verdade. Eu mesmo não sou exclusivista deste ponto de vista, quem dirá os demais. Além disso há uma total e completa abertura para outras perspectivas, inclusive a sua, e justamente por isso estamos aqui debatendo.

    "Estou apenas dizendo que é sim necessário estudar uma coisa para ter propriedade para falar daquilo. "

    Ué, mas estudamos...

    "Se você não vi nada de relevante na formação teológica para este debate, então ou não conheceu teólogos com boa formação, ou nunca se interessou por isso."

    Me interessei e ainda me interesso. Gostaria que me apresentasse estes teólogos então - se é que já não os conhecerei.

    "A base desse debate, segundo foi exposto, é o questionamento puro e simples. Quem aqui está partindo da fé "pura e simples"?"

    Que debate é possível a partír da fé pura e simples (ou fé dogmática)?

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  11. O que vocês pretendem debater é mais do que um tema da teologia, é a religião em si. Isso não é algo que se debate assim, nem mesmo por doutores em teologia. Acho que o debate renderia mais se abaixassem as expectativas e pegassem um tema mais específico e menos pretensioso.

    Nem tudo se conhece através de debate.

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