quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Concurso para pastor?


Uma notícia andou circulando pela internet nos últimos dias. Trata-se de um suposto concurso para pastor da Igreja Universal. A notícia não deixa de ser engraçada. O salário é exorbitante e a instituição estaria assumindo, ainda mais, uma postura empresarial. 

Tomei a liberdade de procurar pela Internet (sei que é um instrumento limitado) mais informações sobre esta notícia. Nem nos sites da própria IURD, ou do CESPE/UnB (entidade responsável pelo concurso) há algo referente ao concurso. Os outros sites que pesquisei pelo Google usam todos a mesma fonte; o site da Fazenda Virtual. Inevitável dizer que há, de falto, algo estranho aí. É provável que a notícia tenha sido forjada (a precisão do salário, e os comentários do bispo Edir Macedo são inverossímeis) com a pretensão de, se não para fazer o povo rir com os rumos da religião, ridicularizar a própria IURD.

Mas, supondo que a notícia fosse verdade, serviria como uma ferramenta para refletirmos sobre o papel das igrejas protestantes e reformadas. Um concurso deste porte exigiria que o pastor tivesse algum grau de instrução (embora isso não implique em caráter e ética). Também, exigiria uma adequação mais formal do pastor aos moldes da instituição. Não só isso, mas o pastor se tornaria um profissional. E a instituição assumiria de vez o seu caráter empresarial. Será que tudo isso já não acontece, sem que seja necessário um concurso para efetivá-lo?

link da notícia ->

http://fazendavirtual.wordpress.com/2009/08/23/igreja-universal-abrira-concurso-para-pastor-salario-inicial-de-r-8-23482/


Por Stockler


9 comentários:

  1. gostei de ver... que esta buscando fontes, cruzando informacoes... isso é fundamental!

    coloquei esse blog na lista de colaboradores do blog www.striingquadra.wordpress.com

    abraco

    Gabriel

    ResponderExcluir
  2. Acho que com aquela coisa de "doe seu carro, irmão, que vc fica mais perto de Deus", já ficou bem claro q a Igreja Universal não é exemplo de idoneidade. Portanto, se houver mesmo esse concurso, não seria surpresa. Lamentável, mesmo assim.

    Sucesso com o blog! Pretendo acompanhar sempre que possível. Keep it honest.

    ResponderExcluir
  3. Pois então, será que essa atitude, e todas as outras citadas no Blog, são monopólio da Igreja Universal.

    Quer dizer, a livre interpretação da bíblia não é contraditória à instituição religiosa? Isso se tivermos ingenuidade suficiente pra acreditar que a livre interpretação da bíblia, das reformas do século XVI, era pra ser individual...

    ResponderExcluir
  4. "a livre interpretação da Bíblia não é contraditória à instituição religiosa?"

    Sim, e mesmo Cristo falou contra a idéia de fazer igrejas. Daí o fato de muitos evangélicos hojem dizerem-se "sem religião", pra tentarem não entrar em contradição com isso e escaparem das críticas às instituições.

    Mas, é claro, na prática continuam sendo religiões e religiosos: reunem-se em um local, oram, têm agentes religiosos (pastores), e todos os requisitos de uma religião.

    ResponderExcluir
  5. O princípio da "sola scriptura" não coloca o fiel acima das autoridades pastorais, mas sim a Palavra. Não é exatamente uma livre interpretação no sentido moderno de que "cada um tem sua interpretação da verdade, e cada interpretação é igualmente válida", mas sim de livre exame, isto é, cada um está livre para conferir a verdade, porém isso depende de fé e de capacidade hermenêutica.

    Os "sem igreja" estão crescendo porque existe um processo de desconfessionalização, que gera um modelo de espiritualidade que entra em conflito com a autoridade pastoral.

    ResponderExcluir
  6. "mas sim de livre exame, isto é, cada um está livre para conferir a verdade, porém isso depende de fé e de capacidade hermenêutica."

    Gostaria que explicasse isso melhor e como é possível isso não cair no "cada um tem sua interpretação da verdade, e cada interpretação é igualmente válida" que vc criticou.

    ResponderExcluir
  7. Pedro,

    Quando se diz que cada um tem sua interpretação, está pressuposto que essa interpretação é validada por um critério subjetivo, ou seja, próprio daquela pessoa. A proposta hermenêutica é o exato oposto disso.

    ResponderExcluir
  8. "A proposta hermenêutica é o exato oposto disso."

    Estou familiarizado com a hermenêutica, mas ela não resolve esta questão muito menos deixa ela imune à interpretação.
    A História é sujeita a interpretações; fazemos suposições de seu meio dentro de seu contexto histórico maior; os idiomas originais muitas vezes são ambíguos e sua utilização variava de vila pra vila, quem dirá de era pra era, civilização pra civilização.

    A hermenêutica apenas nos faria ler realmente o que está ali, em seu contexto e idioma original, sem "viajar na maionese", que é justamente o que a maioria dos teólogos modernos fazem e tenho certeza que vc tb.

    E, essa leitura criteriosa e condizente com a proposta hermenêutica levará apenas a compreendermos o quão primitiva e típico de sua época é a Bíblia, com suas superstições nada além de seu tempo e nenhuma contribuição significativa sequer no campo filosófico.

    Gosto da hermenêutica. Se bem feita ela desmistifica a Bíblia toda.

    ResponderExcluir
  9. "Gosto da hermenêutica. Se bem feita ela desmistifica a Bíblia toda."

    Isto me lembra um padre que disse: "Gosto da paleontologia. Se estudada com sinceridade, ela prova que Deus existe".

    Será que o que você critica não é um boneco de palha?

    ResponderExcluir