quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A importância deste debate

Gostaria de fazer minha primeira mensagem neste blog ressaltando algo que nem sempre fica claro nos debates com a mesma temática deste blog: debater sobre as religiões e crenças religiosas é fundamental e de interesse de todos, sejamos crentes, descrentes, laicos ou ateus.

Ressalto isso, que para alguns pode parecer de uma obviedade demagógica, porque quase sempre os debates tomam o formato (ou ao menos passam uma impressão) de descrentes atacando as temáticas religiosas e os crentes defendendo-se. Debates neste formato não costumam acrescentar muito, já que um lado toma partido apriorísticamente de um ponto de vista enquanto outro assume o papel de atacá-lo e deste modo dificilmente alguém altera seu ponto de vista. Fica a sensação da guerra de trincheiras, dos debates já ultrapassados aonde se posicionava de acordo com o seu nicho de pensamento. Isso não cabe mais, muito menos para esse debate.

Dado isso, acho que existem algumas compreensões que são fundamentais para se iniciar este debate:

- Não posso dizer a respeito das demais religiões, mas na fé cristã o debate sobre nossas crenças, sobre as interpretações bíblicas, sobre o sagrado, sobre a santidade, sobre a filosofia de vida, sobre valores e a nossa sociedade, é absolutamente vital. É de extrema ignorância dizer que a fé não se atualiza. Se não fosse o constante debate estaríamos ainda no anseio apocalíptico dos primeiros cristãos ou na rigidez da interpretação medieval. Se a fé não fosse plural não teríamos tantas maneiras de enxergar a mesma questão, o que é representado de maneira evidente pelas diversas Igrejas. Procurar aprimorar suas idéias e compreender mais sobre as religiões, o pensamento religioso, a fé e a natureza desse indescritível que move todo fiel, deveria ser de interesse máximo para todos aqueles que crêem.

- Igualmente, o debate é relevante também de maneira universal, considerando crentes, descrentes, laicos e ateus simplesmente como cidadãos e habitantes deste planeta, aonde mais de 90% das pessoas têm sua fé. É inegavelmente algo de extrema relevância ser debatido já que as religiões são a principal fonte de códigos morais (e às vezes até mais do que isso) para boa parte da população mundial. Seja qual for nossa crença, é antes de tudo uma preocupação como cidadão ter em pauta para debate a questão religiosa.

- Vivemos na era dos extremos, como muitos autores já alardearam, e a questão religiosa não escapa a isso: temos fanatismos religiosos de um lado e fanatismos ateístas de outro. Se o fanático religioso pretende conquistar a mente do mundo com o que acredita ser A Verdade, o mesmo pode ser dito pelos fanáticos ateus. Acho triste ver alguns ateus criticarem o fanatismo em algumas páginas de seus livros e, poucas páginas depois, pregarem que o mundo todo seja tomado pela idéia que ele acredita ser a verdadeira. Ambos os lados também têm pouco compromisso com a veracidade – deve ser porque o compromisso é com suas Verdades, não com a veracidade – e distorcem, alteram, recortam, reinterpretam fatos de maneira arbitrária. E é um fato que a Fé está sob ataque. É justamente isso que é a justificativa final pra esse debate e sim, para ambos os lados. Porque àquele que crê cabe, no mínimo, esclarecer que sua fé não aquela que é atacada pelos ateus mais fervorosos ou, se é, cabe ouvir estas críticas e reexaminar esta fé; e aos descrentes cabe ouvir isso, refletir e perceber até onde as críticas de fato procedem.

Encerro essa mensagem, de conteúdo simples mas que acredito ser de grande relevância, dizendo que, a meu ver, é apenas por este debate plural, promovido e idealizado por este blog, que acredito ser possível alcançar tudo que apontei acima. É por isso que também abracei essa causa.


Por Coscarelli

10 comentários:

  1. É de extrema ignorancia dizer que a fé nao se atualiza... ??????

    Entao a gente perdeu o ultimo update, ou a nova versao da Biblia atualizada. Nao sao mais caipiras se matando com pau e pedra e sim com misseis teleguiados com iphones explosivos =)

    Gabriel Soares

    Coscarelli. Vai pra casa dormir. Abraco

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  2. Creio que, por expressa má vontade, não procurou compreender o que eu disse e, mais do que isso, distorceu.

    A Bíblia não precisa ter sido atualizada para o pensamento cristão renovar-se. Tal qual a realidade também não altera, as leis da física, química e biologia na realidade per se, não se alteraram, mas as teorias científicas sobre elas sim.

    Isso quer dizer que a realidade se alterou? Não. Quer dizer que antes interpretavam de uma maneira errada ou menos completa a realidade, faziam uma determinada leitura, hoje fazem outra. Aprenderam isso com a experiência e assim segue, sempre procurando ampliar nosso conhecimento sobre algo.

    E, ironicamente, os mísseis teleguiados e iphones explosivos que citou, não foram inventados pela tradição e renovação da fé cristã mas pela renovação da ciência.

    Abraços,

    Coscarelli

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  3. Claro que nao se alteram... pra voce. Os efeitos climaticos nao se alteram; nao existe mutacao, ja que vc acredita que deus criou o homem e nao portanto nao existe evolucao. Pra quem acredita que toda verdade do mundo ta escrita num livro da pre-historia, é obvio que nada deve se alterar mesmo.

    Voce so deveria ter coerencia e manter a linha de pensamento que nada se altera. Pra que dizer que o pensamento cristao se renova? Se renova onde?

    Voces proibem o uso de camisinha enquanto milhares morrem de Aids. Voces ainda tiranizam o homossexual provocando uma segregacao social bizarra. Voces continuam misóginos perseguindo as mulheres que optam por um aborto. Voces continuam acobertando padres pedofilos e continuam tendo que pagar bilhoes anualmente em indenizacoes por abusos dos mais variados tipos.

    No fim, eu mesmo tenho que concordar com vc. A realidade nao se altera. Os cristaos continuam praticando ou (os mais moderados) ignorando as os ensinamentos bizarros do cristianismo. E o religioso continua querendo discutir com argumentos ridiculos.

    Pela ultima vez, vai pra casa dormir. Voce é fraco e nao vai conseguir persuadir ninguem aqui com a seu vocabulario pseudo-fino, per se. HAHAEHAHAH

    Gabriel Soares

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  4. Coscarelli,

    Sou cristão, porém discordo de quase tudo que você disse. Como eu temia no meu comentário ao primeiro post, a fé que está se defendendo aqui aparentemente não é a mesma dos "primeiros cristãos", mas sim um cristianismo modernizado e adaptado à civilização.

    Há um porém ao dizer que a fé se atualiza, pois ela se atualiza de acordo com que critérios? Os critérios de uma cultura civilizada? Ela se adapta ao mundo moderno tal como ele é, sem nenhuma crítica radical a uma cultura baseada em acúmulo, por exemplo? Creio que o cristianismo atual se "ocidentalizou", pois a princípio ele nem sequer combina com os ideais da cultura ocidental, que herdamos dos gregos.

    Um dos elementos da cultura grega é a valorização do "logos" sobre o "fidei", o que o debate como foi proposto aqui defende. A mensagem de Cristo é inconciliável com a mentalidade que dominou o mundo hoje, que tem origem na cultura grega, que se caracteriza pelo pluralismo e pelo relativismo.

    A fé cristã não é plural. A religião sim, é plural, e por esse motivo ela anula sua capacidade de dar orientação. Se há muitas verdade, em que devemos crer? Se for assim, então realmente é melhor ser cético, não crer em nada que não possa ser devidamente demonstrado. Apaga-se a confiança no que não se pode comprovar.

    Se o fanatismo é um problema, ficar na "área cinza" da indefinição é outro. Eu sou radical, mas não extremista. Não afirmo MINHA verdade, mas A Verdade, que é revelada. Se cabe reexaminar a fé sob o critério do ceticismo, então nunca houve fé em Deus, mas sim na razão humana, pois aí se pressupõe que podemos alcançar a verdade de Deus por nossos próprios meios. Nesse sentido, só a fé no ceticismo e no método científico como legitimador de toda verdade é que não é questionada.

    E de nada vai adiantar discutir com pessoas como o Gabriel Soares, que se escondem atrás de uma postura agressiva e fala coisas sem fundamento.

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  5. "Há um porém ao dizer que a fé se atualiza, pois ela se atualiza de acordo com que critérios? Os critérios de uma cultura civilizada?"

    Também tenho essas dúvidas com relação ao que defende o Coscarelli e inclusive pensava em abordar estas questões em um post futuro.

    "A fé cristã não é plural."

    Não? Pq vc afirma isso?

    "Apaga-se a confiança no que não se pode comprovar."

    Prefiro dizer que apaga-se a confiança no que não há motivos para acreditar. Não precisa ser nada submetido a uma epistemologia científica/análise positivista não.

    "Não afirmo MINHA verdade, mas A Verdade, que é revelada."

    Ou simplesmente vc acredita que SUA verdade é A Verdade. Se estou equivocado, o que faz vc acreditar que professa A Verdade?

    "Nesse sentido, só a fé no ceticismo e no método científico como legitimador de toda verdade é que não é questionada."

    Já questionei isso no comentário de um post acima, mas nunca é demais: podem existir pessoas com fé no ceticismo e método científico, mas acho "fé" inadequado para falar no crédito dado ao ceticismo e ao método científico. O pq eu já argumentei brevemente em comentário a outro post, como já apontado.

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  6. "Sou cristão, porém discordo de quase tudo que você disse."

    Compreendo isso e não acho surpreendente. Tenho alguns amigos de Seminário que também julgam minha posição polêmica e muito "moderna" (como você também aponta a seguir). Acho esse contraste positivo, afinal surpreendo-me quando alguns amigos ateus julgam-me muito "antiquado" e "fechado" - embora eu ouse dizer que nunca ouvi justificativas convincentes para utilizarem estes termos.

    "Como eu temia no meu comentário ao primeiro post, a fé que está se defendendo aqui aparentemente não é a mesma dos "primeiros cristãos", mas sim um cristianismo modernizado e adaptado à civilização."

    Suas palavras são verdadeiras, mas acho que não do modo como você encara-as. De fato minha fé tem marcas do meu tempo (aliás, diga-me: é possível não te-las?), assim como a de todos nós tem marcas de toda nossa história pessoal e até mesmo ideologias. Isso tudo em conexão direta com o inteligível, indescrítivel, transcendente, eterno e imutável que todo fiel busca.

    Você está completamente equivocado se supõe que a fé dos primeiros cristãos, a não ser que esteja referindo-se aos apóstolos, é mais inspirada, precisa ou "melhor" de alguma forma. E, se você refere-se a isso insinuando que os primeiros cristãos não tinham a influência de sua época, está definitivamente (e ironicamente) ignorante em relação a quase todo estudo teológico. O que é curioso, porque em outro comentário você mencionou a hermenêutica para a interpretação bíblica, o que está absolutamente correto, mas a faz parte dos próprios conceitos fundamentais da hermenêutica considerar os fatos e contextos históricos do narrador e do que é narrado. As Escrituras não são exceções.

    Acho surpreendente, dado que fez um considerável alarde sobre a importância do conhecimento teológico, que não esteja familiarizado com conceitos tão básicos da teologia. Portanto, o fato de munir-me de concepções de minha época e concilia-las com minha fé, é plenamente justificável e nada extraordinário, já que mesmo os apóstolos são INSPIRADOS pelo Espírito Santo (2 Timóteo 3:16 e 2 Pedro 1:21)e não a Palavra direta Dele. Por isso cabe a nós, e essa é toda razão de ser da teologia (theos = Deus, logos = palavra), procurar compreender a Palavra e não apenas a palavra (dos homens), com todos seus contextos históricos e influências de sua vida pessoal.

    O estudo da Palavra envolve sim, a razão e ciência. O diferencial é que estes estão conciliados com a fé, o que a ciência tradicional rejeita. Considero chocante que por vezes insinue o contrário. É absolutamente fundamental dar razão à sua fé e investigar sobre o mundo natural (ciência) tendo em vista a questão divina (aí entra a fé). Portanto, claro que vou munir-me de recursos da minha época! Por isso e por tudo mais dito acima. Ficar pensando que a influência de descobertas e metodologias contemporâneas são prejudiciais a fé cristã é simplesmente não ter fluência alguma nos estudos teológicos.

    "Há um porém ao dizer que a fé se atualiza, pois ela se atualiza de acordo com que critérios? Os critérios de uma cultura civilizada? Ela se adapta ao mundo moderno tal como ele é, sem nenhuma crítica radical a uma cultura baseada em acúmulo, por exemplo?"

    Não, COM MUITA CRÍTICA. Boa parte dos teólogos, inclusive muitos brasileiros, criticam arduamente nossa sociedade. Alguns até propõe reinvenções: combinar ternura com rebelião, articular pensamento crítico com ação concreta, associar subjetividade autônoma com visão pluralista. Muitos dos críticos da sociedade de consumo são teólogos e estou de acordo com estas críticas. De fato, cristianismo pouco tem a ver com acúmulo. Mas isso em momento algum apareceu nas minhas exposições. O que apareceu foi influência do pensamento crítico, nunca da sociedade materialista do acúmulo, da "modernidade líquida" e quaisquer outros termos que quisermos furtar de autores.

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  7. "Se cabe reexaminar a fé sob o critério do ceticismo, então nunca houve fé em Deus, mas sim na razão humana, pois aí se pressupõe que podemos alcançar a verdade de Deus por nossos próprios meios. Nesse sentido, só a fé no ceticismo e no método científico como legitimador de toda verdade é que não é questionada."

    Não é isso. Conforme exposto acima, razão e ciência em conformidade com a fé. Este último elemento é fundamental. Então há o exame racional, mas também o norte da Revelação; há a exegética, mas também há a apologética.

    Entenda, não estou colocando a capa do pragmatismo científico sobre a fé cristã. Estou, antes disso, demonstrando ao nosso público, leigo, que a fé cristã não é indissociável da razão, ciência, muito menos do senso crítico, mas que vai além dele, transcendendo-o. Conduzir o raciocínio e desmitificar, como expus aqui, que a fé seja aquela que é atacada pelos ateus, é o primeiro passo dessa caminhada fundamental. Por isso disse: "Porque àquele que crê cabe, no mínimo, esclarecer que sua fé não aquela que é atacada pelos ateus mais fervorosos ou, se é, cabe ouvir estas críticas e reexaminar esta fé; e aos descrentes cabe ouvir isso, refletir e perceber até onde as críticas de fato procedem.".

    Não concorda comigo?

    "
    E de nada vai adiantar discutir com pessoas como o Gabriel Soares, que se escondem atrás de uma postura agressiva e fala coisas sem fundamento."

    Concordo, por isso nem respondi. Mas não estou ignorando-o; não seria tão arrogante ou imprudente. Quando vierem apontamentos que valem a pena ser considerados, e não apenas ataques desvelados, irei considera-los, refleti-los e responde-los.

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  8. Pedro

    "Plural" é uma palavra-chave da modernidade. A fé cristã vem da tradição cristã, que não pode ser pluralizada sem perder seu caráter original.

    "Prefiro dizer que apaga-se a confiança no que não há motivos para acreditar. Não precisa ser nada submetido a uma epistemologia científica/análise positivista não."

    No que não há motivos dentro de certa categoria de motivos. Não se resume ao positivismo.

    "Ou simplesmente vc acredita que SUA verdade é A Verdade. Se estou equivocado, o que faz vc acreditar que professa A Verdade?"

    Eu disse que não é MINHA porque eu não a possuo nem é uma invenção minha. Ela está disponível para quem quiser ver.

    "Já questionei isso no comentário de um post acima, mas nunca é demais: podem existir pessoas com fé no ceticismo e método científico, mas acho "fé" inadequado para falar no crédito dado ao ceticismo e ao método científico. O pq eu já argumentei brevemente em comentário a outro post, como já apontado."

    Neste ponto você está certo, não deveria ter usado a palavra fé, e sim a palavra crédito. Então reformulo: só o crédito dado ao ceticismo e ao método científico não é questionado.

    Coscarelli,

    "De fato minha fé tem marcas do meu tempo (aliás, diga-me: é possível não te-las?"

    Sim, afirmo que com toda certeza, o que se altera não é a fé, mas outra coisa. Quem adapta sua fé ao mundo a destrói, pois ser cristão é ser um "alienígena" na cultura civilizada.

    Minha fé não carrega marcas do meu velho eu, porque este morreu. E eu não busco o inteligível, indescrítivel, transcendente, eterno e imutável. Simplesmente rejeito essa busca.

    Quando eu digo primeiros cristão eu considerei o próprio Cristo e os apóstolos, sim. Considerar o contexto para interpretar o que é narrado é uma coisa, achar que a fé altera seu sentido com a ação do tempo e da história, é outra completamente diferente.

    Dar razão à fé é diferente de submeter a fé à razão. O mundo natural não expressa por si só nada de divino. Descobertas científicas não são prejudiciais à fé precisamente porque não afetam a fé. Eu acho que o que se expressa no mundo é a evolução, não a ação do criador. Minha monografia foi uma refutação do criacionismo e uma tentativa de mostrar que não há teleologia observável no mundo biológico. Portanto parto da separação entre ciência e fé, sem negar nem uma coisa nem outra, mas cada uma em instâncias diferentes.

    Que tipo de teólogos você considera que criticam arduamente a sociedade? Os teólogos da libertação?

    Exame racional é uma coisa, o que está sendo proposto me parece ser outra coisa, porque não parte simplesmente da racionalidade, mas de um tipo de racionalidade bastante específica, bastante "ocidental".

    "Porque àquele que crê cabe, no mínimo, esclarecer que sua fé não aquela que é atacada pelos ateus mais fervorosos ou, se é, cabe ouvir estas críticas e reexaminar esta fé; e aos descrentes cabe ouvir isso, refletir e perceber até onde as críticas de fato procedem."

    Não, concordo com você. Foi exatamente este nosso ponto de discordância, porque você parece crer que os ateus estão em algum ponto corretos na sua crítica à fé. Ou seja, que não há nenhuma ataque à fé cristã, porque todos os ataques são equivocados, dizem respeito a outra fé. E se houver um ataque que diga respeito a minha fé mesmo, então eu devo, a partir desse ataque, reexaminar minha fé e talvez deixar de crer. Ou seja, a validade do que eu creio estaria sujeito à aprovação ou validação não simplesmente da racionalidade humana, mas de uma racionalidade inspirada pela ciência moderna, pelo matriz de pensamento ocidental, que vem de Aristóteles. Eu não vejo motivo algum para dizer que minha fé deve se enquadrar ao pensamento helênico, romano ou de qualquer outra cultura.

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  9. ""Plural" é uma palavra-chave da modernidade. A fé cristã vem da tradição cristã, que não pode ser pluralizada sem perder seu caráter original"

    "Caráter original"? Que caráter original é esse e como é possível então mante-lo?

    "No que não há motivos dentro de certa categoria de motivos. Não se resume ao positivismo."

    Também acho que não. Pode me apresentar motivos fora do positivismo.

    "Eu disse que não é MINHA porque eu não a possuo nem é uma invenção minha. Ela está disponível para quem quiser ver"

    Então como vc sabe que isso que vc acredita é A Verdade e a dos demais que vc critica não é?

    "Exame racional é uma coisa, o que está sendo proposto me parece ser outra coisa, porque não parte simplesmente da racionalidade, mas de um tipo de racionalidade bastante específica, bastante "ocidental"."

    Pode apresentar outro tipo de racionalidade e principalmente críticas à racionalidade que utilizamos.

    "Eu não vejo motivo algum para dizer que minha fé deve se enquadrar ao pensamento helênico, romano ou de qualquer outra cultura."

    Em suma, não vê pq suas convicções devam ser passíveis de questionamento e alteração por quaisquer meios, já que é apenas uma certeza subjetiva, certo?
    Assim como as pessoas que têm a certeza subjetiva de terem sido abduzidas, as que têm a certeza de que sao a reencarnação de alguma pessoa importante e as que têm certeza que o Obama o persegue e colocou câmeras invisíveis em sua casa.

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  10. Pedro,

    Não me sinto na obrigação de responder perguntas automáticas. Desenvolva melhor as questões.

    Você realmente quer saber qual o caráter original da fé cristã,e como mantê-lo? Acho que não. Mas se quisesse mesmo, aqui não seria o local. Fé cristã não é uma teoria, que se expõe sob quaisquer condições.

    Verdade é algo que herdamos de uma tradição. Eu sigo a tradição cristã e o critério de verdade que ela me dá.

    "Em suma, não vê pq suas convicções devam ser passíveis de questionamento e alteração por quaisquer meios, já que é apenas uma certeza subjetiva, certo?"

    Com isso você quer dizer que qualquer coisa que não se encaixe no pensamento helênico ou romano é inquestionável, imutável, portanto subjetivo?

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